Vice-reitora da UFSM defende que moção "não é contra operação" no Rio de Janeiro, mas "em defesa da vida"

Vice-reitora da UFSM defende que moção

Foto: Vinicius Becker

Futura reitora da instituição disse que votação por moção não foi unânime

Em entrevista ao Bom Dia Cidade, da Rádio CDN, nesta terça-feira (11), a vice-reitora e futura reitora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Martha Adaime, e o professor Anderson Luiz Machado dos Santos, do curso de Geografia, explicaram o contexto e o conteúdo da moção aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) da instituição, divulgada em nota na segunda-feira (10). O documento, aprovado em 31 de outubro, manifesta repúdio às ações que resultaram em 121 mortes no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

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Segundo Martha, o texto, intitulado “A política de extermínio não pode ser naturalizada”, não é uma crítica à operação policial, mas uma defesa dos direitos humanos:

— Se você ler a nota, em nenhum momento ela traz algo contra a operação. Ela é uma nota em defesa da vida e dos direitos fundamentais — afirmou.

A vice-reitora destacou que o documento não foi emitido pelo Gabinete do Reitor, mas pelo Conselho Universitário, “instância superior e representativa de todas as unidades da universidade”. Segundo ela, o Gabinete, como presidente da sessão, vota apenas em caso de desempate, o que não foi o caso.

— Embora não tenha sido uma decisão unânime, a democracia vence. Então venceu o número de votos em favor da publicação da moção. E essa decisão foi baseada nos valores da instituição: justiça, compromisso social e responsabilidade — disse Martha.

Ela lembrou que manifestações desse tipo não são incomuns. Em dezembro de 2023, o Conselho também aprovou uma moção em solidariedade ao povo palestino, durante a escalada dos conflitos com Israel e o agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza.


Debate público

O professor Anderson Luiz Machado dos Santos, um dos autores da proposta encaminhada ao Consu e integrante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), contou que a iniciativa foi motivada pela necessidade de a universidade se posicionar diante de uma tragédia que mobilizou o país:

— O Conselho não tem elementos para julgar a operação policial. O que estamos defendendo é a vida, os direitos constitucionais e a lisura dos processos de justiça. A violência letal não é um caminho adequado para a dignidade e a justiça social — afirmou.

Anderson, que morou no Rio de Janeiro durante o doutorado na Universidade Federal Fluminense, ressaltou que a moção também reflete o papel social da UFSM:

Nossa instituição tem sofrido ataques a pessoas negras, LGBTs e indígenas. Precisamos nos colocar à disposição da sociedade para debater esses temas e contribuir de forma educativa e pedagógica. A universidade é reflexo da sociedade em que está inserida – completou o professor, fazendo referência ao episódio em que ameaças foram direcionadas a grupos da comunidade universitária por e-mail.

Questionada sobre críticas à moção, Martha afirmou que o papel da universidade é fomentar o debate público:

A função da universidade não é se preocupar com grupos de direita ou de esquerda. É pautar os temas da sociedade e formar cidadãos críticos. Aqui é o lugar onde as diferenças se encontram e é justamente por isso que precisamos trazer à luz debates que muitas vezes não se quer fazer, mas que são essenciais.


Confira a entrevista completa

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